quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Os inalcançáveis livros do vovô Petrônio
Os pés equilibrados em cima do banquinho tamborilante se espichavam fazendo o corpo de Beto crescer além de seus braços, que se esticavam com esforço fazendo os dedos roçarem naqueles livros tão inalcançáveis do vovô, aqueles benditos livros de poesia, ali tão lindos e tão longe de seus dedos de criança. Naquele momento Beto descobria as vantagens de ser gente grande, seria tão mais fácil...Queria um livro de poesia porque ouviu dizer que lá moram as palavras de amor, aquelas que encantam os corações apaixonados,que fazem as pessoas suspirarem e ficarem com cara de sonho e de bobas, mas Beto que se dizia muito esperto , não estava apaixonado,queria apenas a inspiração emprestada dos livros de poesia do vovô, apenas assim para escrever uma carta de amizade, sim, de amizade para Anita porque ela era delicada e meninas assim gostam de palavras delicadas e elas viviam todas ali, nos inalcançáveis livros do vovô Petrônio que quando moço escreveu muitas cartas de amizade para a vovó Filomena.
( ilustração Benjamin Lacombe )
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