segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O Vento

O vento que entrava pelas janelas trazia as folhas do outono que aos poucos foram cobrindo o chão como se fosse um tapete , os móveis, a mesa com os talheres ainda frescos do café da manhã,  os cabelos despenteados das crianças. Anita achava essa festa do vento uma delícia,  achava que o vento gostava de brincar com seus cabelos , adorava ver a bagunça que ele fazia no penteado da mamãe , que sempre tentava colocar os cabelos em ordem, mas o vento entrando travesso pelas janelas e portas abertas não deixava, era impossível !Então ela desistia e acabava também se divertindo, e sua risada bonita se espalhava pela sala e todos, descabelados, riam das estripulias do vento. As flores coloridas e seus perfumes também entravam e até a moça que cuidava da limpeza da casa desistia , pois a cada tentativa as flores e folhas rodopiavam , dançavam no ar, e acabavam pousando novamente no chão, nos móveis. Era sempre assim as manhãs na casa de Anita, o vento a fazer-lhe a visita de sempre, depois que ele ia embora ficava a brisa suave a pousar no ar, e vinha a calma, então as folhas e flores eram varridas, os cabelos penteados novamente, as risadas guardadas nas palmas das mãos. E tudo começava depois que o vento ia embora, as conversas dos adultos, as brincadeiras das crianças.

( ilustração Rebecca Dautremer )

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