segunda-feira, 12 de março de 2012
ela É o meu SOl
Há dias o vento não brinca , as folhas caem moles no chão quente, a brisa tão delicada não consegue afastar o calor que parece cozinhar a carne da gente, e lembrei daqueles filmes onde os índios cozinhavam os brancos , bem, tentavam porque eles sempre conseguiam fugir e eu nunca vi como era preparado aquele cozido...Os dias estavam muito quentes, a vovó Filomena prendia os cabelos em lenços coloridos, cada dia usava um, seus cabelos ficavam presos no alto da cabeça parecendo um bolo de aniversário, dizia que era para o vento soprar gostoso na nuca, e eu achava engraçado essa frase da vovó, vovô Petrônio usava as calças arregaçadas, deixando as canelas finas à mostra, os pés ficavam esparramados nas chinelas de borracha, suava em bicas mas não usava lenços coloridos para prender os cabelos, ainda bem, senão acharia muito estranho, Lili , minha irmãzinha , ficava debaixo de seu guarda-chuva mágico e dizia que ali o sol não seria convidado, ficaria sempre pra fora do seu esconderijo, sem contar que ali todos ficavam transparentes, esse é o poder mágico do guarda-chuva da Lili, mas já fiquei ali e ainda não sei como é ser transparente...mamãe ainda consegue me enxergar para dar bronca. Nesses dias de sol reinante nem papagaio Funéreo canta o fim do mundo de tão desanimado que fica, Bartolomeu , o gato , só falta tomar banho de chuveiro e o cachorro Filósofo continua dormindo, como sempre...assim como meu coração que sempre que está perto de Anita desperta, estremece , amolece. Ela é o meu sol.
( ilustração Nicolas Gouny )
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