segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O silêncio Não Existe


O silêncio nunca existiu naquela casa , mesmo quando todos dormiam ou quando o vento descansava das suas brincadeiras e deixava as árvores repousarem em paz, mesmo quando a música calava e os bichos dormiam, nunca existia silêncio naquela casa.Sempre tinha uma gota a cair na pia, o arrastar dos móveis no chão, a voz alta do vovô Petrônio,  o papagaio Funéreo que cantava a altos brados que o mundo ia acabar, a voz baixinha da vovó Filomena que falava sozinha mas nunca, jamais acreditava nisso, dizia que os netos estavam inventando coisas. O silêncio passava longe daquela casa de paredes brancas por fora e coloridas por dentro, passava pela calçada e jamais fazia uma visita naquela casa de sons variados. Vovô Petrônio dizia que o silêncio não existia, mesmo se ficássemos sozinhos num quarto com as janelas fechadas, o silêncio não existiria porque se ouviria as batidas do próprio coração. Mas assim que Anita começou a tocar seus dedos fininhos no piano, uma música muito suave dançava no ar e então o barulho por um momento dormiu, deixando a música de Anita passear na sala  e até o papagaio Funéreo parou de cantar o fim do mundo, também ele queria ouvir a música,  quase podia-se acreditar que o Sr Silêncio enfim entrara naquela casa , mas Beto sabia que ele não estava lá, porque ouvia o barulho do próprio coração a dançar dentro dele.

Um comentário:

  1. Que texto gostoso de ler. Adorei!

    Olha, estou passando por aqui para avisar que deixei um selinho pra você no meu blog. Se quiser conferir.

    Bjs.

    ResponderExcluir