terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

o Gato BartOlomEu


Bartolomeu era o gato aventureiro da vovó Filomena. Sujo da alma ás patas amarelas , ele não só detestava banho como também não gostava das coisas muito arrumadas, se assim estivessem ele mesmo as bagunçaria : nada que um rasgãozinho na cortina, uns arranhõezinhos nas almofadas, e claro, deixar suas patinhas marcadas no sofá, na cama, no chão recém-lavado da cozinha... Bartolomeu se achava o galã único da casa, embora seus pelos amarelos fossem encardidos, seus bigodes quebrados e uma das orelhas faltando um pedacinho, de tanto a vovó Filomena chamá-lo de lindo ele se convenceu de que era o único, o mais maravilhoso, o mais perfeito de todos os felinos. Bartolomeu adorava sair em suas aventuras noturnas, e na maioria das vezes voltava ainda mais estropiado. Vovó Filomena dava muitas broncas, mas logo se compadecia dele e lhe enchia de esparadrapos. Certa vez, ficou parecendo um gato-múmia de tão enfaixado que estava.
Naquela semana ele foi a piada no bairro, nada que abalasse sua fama de aventureiro. Bartolomeu adorava desafiar os outros gatos e atrapalhar o sono do cachorro Filósofo , que  passava as tardes dormindo debaixo das sombras das árvores e só latia desesperado quando Funéreo, o papagaio, anunciava o fim do mundo, aliás, ele era o eterno alvo de Bartolomeu. Mas Funéreo era mais esperto e corajoso que Filósofo e sempre espantava o gato valente com seu escândalo e suas bicadas doloridas. Mas agora Bartolomeu descansa, porque logo que as estrelas chegarem ele partirá em busca de mais aventuras!



( ilustração Nicolas Gouny )

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

o Guarda-chuva da Lili


Lili queria um guarda-chuva de bolinhas. Um guarda-chuva de bolinhas igual do elefante Godofredo.Um guarda-chuva de bolinhas igual do elefante Godofredo e que tivesse poderes especiais. Um guarda-chuva de bolinhas igual do elefante Godofredo que tivesse poderes especiais e mudasse de cor. Um guarda-chuva de bolinhas igual do elefante Godofredo que tivesse poderes especiais , mudasse de cor e tocasse música. Um guarda-chuva de bolinhas igual do elefante Godofredo, que tivesse poderes especiais, mudasse de cor, tocasse música e fosse um esconderijo secreto também dos raios do sol. Os raios de sol, por mais que tentassem, não conseguiam entrar nesse esconderijo quase secreto, onde a música vinha da boca de uma menininha que cantava sempre a mesma música, também não mudava de cor, sempre vermelho que era e também não tinha poderes especiais e nem tinha as tão famosas bolinhas. Lili tinha o seu guarda-chuva vermelho de coração e inventou que daria a ele as famosas bolinhas e as pintou de várias cores e tamanhos e o guarda-chuva de Lili que antes era apenas vermelho de coração, era agora salpicado de pintinhas e bolinhas coloridas, e  quando Lili ficava debaixo de sua sombra ficava transparente, ninguém conseguia vê-la e então ele ganhou um poder especial  ! E só ali as gotas da chuva ficavam coloridas, só ali o sol ficava com pintinhas coloridas. O guarda-chuva da Lili era mágico !

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O Papagaio Funéreo



O papagaio Funéreo era diferente de todos os outros papagaios. Não cantava em dias de sol, nem o Hino Nacional nem dos times de futebol. Ele adorava cantar nos dias de chuva e o tema não era dos mais alegres : era sobre o fim do mundo ! Vovó Filomena preferia chamá-lo de Fufu - como para espantar o agouro do nome -  mas o vovô Petrônio ,que o encontrou sozinho numa noite de chuva, o batizou de Funéreo assim que ele começou a cantar o fim do mundo. Ele devia achar isso um grande acontecimento pois cantava na maior alegria, principalmente se chovia com raios e trovões, talvez achando que o mundo ia acabar mesmo , cantava, cantava : alala ôôô o mundo acaboooouu!! Vovó Filomena vivia passando vergonha por causa do papagaio , que também aprendeu a dizer Fim dos Tempos, Fim dos Tempos!! Ele estava espantando as visitas de final de tarde.Vovô Petrônio adorava Funéreo e vivia repetindo como ele encontrou o pobre bichinho abandonado na casa onde vivia um senhor muito estranho chamado Nostradamus, que vivia vestido de preto e também tinha dessa mania de prever o fim dos tempos, foi daí que Funéreo deve ter aprendido a infeliz previsão. Mas agora vivendo naquela casinha de paredes coloridas cheia de barulhos diversos , onde o Sr Silêncio jamais chegaria, ele aprenderá  frases mais felizes e engraçadas, porque inspiração para isso não faltará!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O silêncio Não Existe


O silêncio nunca existiu naquela casa , mesmo quando todos dormiam ou quando o vento descansava das suas brincadeiras e deixava as árvores repousarem em paz, mesmo quando a música calava e os bichos dormiam, nunca existia silêncio naquela casa.Sempre tinha uma gota a cair na pia, o arrastar dos móveis no chão, a voz alta do vovô Petrônio,  o papagaio Funéreo que cantava a altos brados que o mundo ia acabar, a voz baixinha da vovó Filomena que falava sozinha mas nunca, jamais acreditava nisso, dizia que os netos estavam inventando coisas. O silêncio passava longe daquela casa de paredes brancas por fora e coloridas por dentro, passava pela calçada e jamais fazia uma visita naquela casa de sons variados. Vovô Petrônio dizia que o silêncio não existia, mesmo se ficássemos sozinhos num quarto com as janelas fechadas, o silêncio não existiria porque se ouviria as batidas do próprio coração. Mas assim que Anita começou a tocar seus dedos fininhos no piano, uma música muito suave dançava no ar e então o barulho por um momento dormiu, deixando a música de Anita passear na sala  e até o papagaio Funéreo parou de cantar o fim do mundo, também ele queria ouvir a música,  quase podia-se acreditar que o Sr Silêncio enfim entrara naquela casa , mas Beto sabia que ele não estava lá, porque ouvia o barulho do próprio coração a dançar dentro dele.